Inundações fizeram 600 mortos na Nigéria desde junho
Mais de 600 pessoas morreram desde junho nas inundações mais mortíferas a atingir a Nigéria numa década, causadas por chuvas sem precedentes, que forçaram 1,3 milhões de pessoas a abandonar as suas casas.
Desde o início da estação chuvosa, muitas partes do país mais populoso de África foram devastadas por inundações, aumentando os temores de um agravamento da insegurança alimentar e da inflação.
“Infelizmente, mais de 603 vidas foram perdidas” — mais 100 mortos do que na semana passada — e 2.400 pessoas ficaram feridas devido a inundações, de acordo com um novo relatório das autoridades, divulgado no domingo.
O número de mortos aumentou “astronomicamente”, já que muitos estados da Nigéria não se prepararam adequadamente para as fortes chuvas, disse o Ministério dos Assuntos Humanitários da Nigéria na rede social Twitter.
O último relatório das autoridades, divulgado na semana passada, registava 500 mortos.
Mais de 82 mil casas e 110 mil hectares de terras agrícolas foram também completamente destruídas, acrescentou o ministério.
A estação chuvosa geralmente começa em junho, mas as inundações têm sido particularmente mortais desde agosto, de acordo com a Agência Nacional de Gestão de Emergências.
Na semana passada, 76 pessoas morreram num acidente de barco no estado de Anambra (sudeste), num naufrágio causado por uma subida do nível do rio Níger.
Chuvas fortes são esperadas novamente na Nigéria nas próximas semanas.
A ministra dos Assuntos Humanitários, Sadiya Umar Farouq, apelou à retirada das pessoas que vivem ao longo dos rios que enfrentam um alto risco de enchentes, especialmente nos estados de Anambra, Bayelsa, Cross River, Delta e Rivers.
Em 2012, inundações deixaram 363 mortos e 2,1 milhões de deslocados na Nigéria.
A África subsaariana tem sido particularmente afetada pelas mudanças climáticas, assim como pelas repercussões da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Na Nigéria, com cerca de 215 milhões de habitações, os produtores de arroz alertaram que as inundações deste ano podem levar a um aumento dos preços, já que o país proíbe as importações de arroz para aumentar a produção local.
Segundo um relatório conjunto publicado em setembro pelo Programa Alimentar Mundial e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a Nigéria é um dos seis países que enfrentam um maior risco de fome extrema.