EUA. Esperados 1,4 milhões de eleitores em eleição intercalar na Geórgia
A luta entre Warnock e Walker caiu em importância depois de os democratas terem garantido o controlo do Senado, mas a corrida continuou recheada de polémicas, especialmente em torno do problemático candidato republicano.
Quase um mês depois das eleições intercalares, os eleitores no estado norte-americano da Geórgia voltam esta terça-feira às urnas para decidir quem vai para o Senado para ser o representante do estado durante seis anos.
Na primeira volta, o atual senador, o democrata Raphael Warnock, manteve uma ligeira vantagem sobre o candidato republicano Herschel Walker, mas com menos de 1% de vantagem e (mais importante) menos de 50% dos votos, os dois foram reencaminhados para uma segunda volta.
As urnas fecham às 19h (hora local, meia-noite em Lisboa) e o último balanço do secretariado do estado aponta para cerca de 1,4 milhões de eleitores. Até perto das 17h tinham votado presencialmente 800 mil pessoas, fora os votos antecipados.
Antes do dia de eleições, segundo a ABC News, mais de 1,85 milhões de votos já foram preenchidos, seja por voto antecipado ou por correio.
As últimas sondagens do site FiveThirtyEight dão uma ligeira vantagem a Raphael Warnock, apesar da margem de vitória estar dentro do alcance de Herschel Walker.
Esta segunda volta, que antes se esperava ser decisiva e com um alcance mediático inigualável, acabou por cair muito mais no esquecimento já que, poucos dias depois das eleições, o Partido Democrata conseguiu garantir 50 lugares no Senado e o controlo sobre a câmara alta – deixando de depender da corrida na Geórgia. De igual modo, os republicanos ficaram sem esperanças de recuperar o controlo no Senado.
Mas as atenções da política norte-americana não deixaram de ficar no estado tipicamente conservador. Aliás, a eleição senatorial na Geórgia foi a mais cara de todas as eleições intercalares desde ano, com o investimento das duas candidaturas a atingir os 380 milhões de dólares.
Warnock foi eleito numa eleição especial em 2020 e quebrou com uma tradição predominantemente conservadora no estado da Geórgia, tornando-se um senador crucial para o Partido Democrata na retenção do controlo sobre o Senado. Raphael Warnock é reverendo na mesma igreja que foi liderada por Martin Luther King Jr., um dos maiores símbolos da luta antirracista norte-americana, e a sua campanha tem-se focado na luta pelos direitos cívicos e sociais numa América onde as minorias são cada vez mais atacadas.
Já Herschel Walker ganhou uma grande notoriedade na Geórgia como um antigo jogador de futebol norte-americano mas, nos últimos meses, o seu nome tem vindo a ser ligado a uma série de escândalos que atingiram uma dimensão nacional.
O candidato republicano, que se apresentou como um forte aliado de Donald Trump, é um acérrimo defensor daquilo que considera ser os “valores tradicionais”, nomeadamente defendendo o fim do acesso ao aborto. Mas várias mulheres fizeram denúncias contra Walker, com umas a explicarem que este lhes pagou abortos e outras a revelaram a existência de filhos ilegítimos do agora político. O candidato foi também acusado de agredir a antiga mulher, a quem acusou de problemas do foro mental.
Apesar de os democratas terem como garantido o controlo do Senado, a corrida entre os dois candidatos pode decidir o futuro do partido em 2024, quando terão de segurar o Congresso enquanto enfrentam uma candidatura republicana à Casa Branca de Joe Biden.