UE emite alerta à Geórgia sobre estado de saúde de ex-Presidente detido
Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) advertiram esta segunda-feira as autoridades georgianas para o estado de saúde do ex-Presidente Mikhail Saakashvili, que está preso desde 2021 e afirma ter sido envenenado na prisão.
Oantigo líder deste país caucasiano está preso há mais de um ano por uma condenação por “abuso de poder” que considera política, sendo que o seu estado de saúde se deteriorou fortemente durante a detenção.
Na semana passada, os médicos de Saakashvili alertaram que o estado de saúde do político se tinha agravado devido à perda de peso.
O ex-chefe de Estado acusou os médicos que o tratam, nomeados pelas autoridades georgianas, de se recusarem a tratá-lo adequadamente e denunciou o desejo de “matá-lo”.
Num procedimento coordenado, os 27 Estados-membros da UE enviaram esta segunda-feira uma advertência ao Ministério da Justiça da Geórgia, adiantou o embaixador da União Europeia no país, Pawel Herczynski.
“Estamos muito preocupados com os relatos da deterioração do seu estado de saúde”, sublinhou Herczynski, em declarações aos jornalistas.
Saakashvili, 55 anos, cumpre uma pena de seis anos de prisão por corrupção e abuso de poder, e enfrenta outros processos criminais por várias acusações, incluindo a entrada ilegal no país.
Líder carismático e pró-Ocidente, Saakashvili governou a ex-república soviética do Cáucaso de 2004 a 2013.
Saakashvili estava no poder durante a guerra que eclodiu no verão de 2008, quando tropas russas invadiram parte da Geórgia, e que terminou com uma rápida derrota georgiana.
Depois de dois mandatos, Saakashvili teve de deixar o país quando os seus adversários pró-Rússia chegaram ao poder, em 2013.
Privado da cidadania georgiana, prosseguiu a carreira política na Ucrânia, país que lhe atribuiu a nacionalidade, onde foi governador da região de Odessa em 2015 e 2016.
Após oito anos de exílio, foi detido no regresso à Geórgia em outubro de 2021, para cumprir a pena de seis anos de prisão a que tinha sido condenado à revelia em 2018.
Médicos radicados nos Estados Unidos que o examinaram a pedido dos seus advogados disseram à AFP, em dezembro, que Saakashvili sofria de complicações devido às condições de detenção e que corria perigo de vida.
Um dos médicos, o toxicologista David Smith, denunciou que o ex-presidente tinha sido envenenado com metais pesados na prisão e defendeu que deveria ser transferido para um hospital fora da Geórgia para ser tratado.
O Parlamento Europeu, assim como a Ucrânia e a Moldova, pediram, há uma semana, a libertação de Saakashvili para que pudesse receber “tratamento médico adequado”.
Em outubro, o Conselho da Europa também pediu a libertação de Saakashvili, considerando-o um “preso político”.
A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional descreveu a situação de Saakashvili como vítima de uma “aparente vingança política”.
O ministro da Justiça georgiano, Rati Bregadze, disse na semana passada à televisão Imedi, que as autoridades estavam a “fazer todos os possíveis” para tratar Saakashvili.
“O principal problema é que Saakashvili não quer melhorar”. Ele quer ser mau, magoa-se a si próprio de propósito, porque está confiante de que desta forma será capaz de escapar ao sistema prisional”, afirmou o ministro, citado pela EFE.
No ano passado, a UE adiou o pedido de adesão da Geórgia, dizendo que o país precisava melhorar seu histórico democrático antes de entrar no caminho formal para a adesão.