Frontex quer explicações gregas sobre deportações ilegais para Turquia
A agência de fronteiras da União Europeia (Frontex) quer obter “clarificações e informação” das autoridades gregas sobre dois casos de barcos com migrantes que foram deportados ilegalmente para a Turquia, disse hoje uma fonte oficial europeia.
Este responsável disse que o diretor executivo da Frontex, Hans Leijtens, escreveu a um dirigente policial sénior que representa a Grécia na administração da agência, que respondesse até 10 de julho. A Frontex ajuda a patrulhar a costa leste da Grécia.
O governo grego, de centro-direita, aumentou nos anos recentes o número de patrulhas no leste do Mar Egeu, reduzindo de forma drástica o número de migrantes do Médio Oriente e África que chegavam a terras gregas em pequenas embarcações provei entes da vizinha Turquia.
Mas Atenas tem sido repetidamente acusada de devolver à força migrantes que entram nas águas gregas para a jurisdição marítima turca, sem lhes permitir solicitar asilo, uma prática ilegal designada ‘pushback’ em Inglês (repelir, fazer recuar, devolução forçada).
E também há notícias semelhantes relativas a migrantes que atravessam a fronteira terrestre com a Turquia.
A Grécia nega as acusações, com o argumento de que a sua política migratória é “estrita, mas justa”.
Por outro lado, a guarda costeira grega tem sido criticada pela forma como geriu a situação que levou ao afundamento, em 14 de junho, de uma traineira com centenas de migrantes da Líbia para Itália, que se saldou por mais de 500 desaparecidos, que se receiam estar mortos.
O dirigente europeu, que conhece os meandros da comunicação da Frontes, falou à Associated Press na condição de não ser identificado.
A carta datada de quinta-feira refere-se a dois alegados incidentes ocorridos em 11 e 22 de abril na costa da ilha de Lesbos, no leste do Egeu, um destino relevante para os migrantes que vêm em pequenas embarcações das costas turcas, na proximidade.
O primeiro foi noticiado pelo New York Times, baseado em um vídeo fornecido por um ativista. Este mostrou o que considerou uma deportação ilegal pelas autoridades gregas de um grupo de migrantes, que tinham chegado a Lesbos, deixando-os à deriva em uma jangada para as autoridades turcas os apanharem.
O segundo envolve um navio português, integrado na missão da Frontex, que parou um barco com migrantes e os entregou à guarda costeira grega, a qual repeliu-os opara águas turcas.
Na carta, Leijtens disse que a Frontex lançou um “Relatório sobre um Incidente Sério” sobre o caso de 11 de abril, o qual permitiu “confirmar a gravidade de algumas alegações”.
O primeiro-minstro grego, Kyriakos Mitsotakis, reeleito em 25 de junho para um segundo mandato de quatro anos, já disse que leva “muito a sério” o incidente de 11 de abril e que ordenou uma investigação.