Ucrânia: ONU condena ataques russos em portos ucranianos
A coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia condenou hoje os ataques russos em Izmail e outros portos ucranianos, que destruíram milhares de toneladas de cereais que seriam suficientes para alimentar cerca de 66 milhões de pessoas por dia.
“Visitei o porto de Izmail hoje e fiquei chocada ao ver o nível de destruição deixado pelos ataques russos às instalações de armazenamento de cereais em 02 de agosto”, disse Denise Brown, coordenadora humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Ucrânia.
Em comunicado, a representante das Nações Unidas referiu que há “milhares de toneladas” de cereais danificados, que “seriam suficientes para alimentar cerca de 66 milhões de pessoas por dia”.
“O término da Iniciativa do Mar Negro pela Federação Russa e os recentes e repetidos ataques aos portos ucranianos estão a causar danos insuperáveis ao setor agrícola na Ucrânia e podem acentuar ainda mais a fome das pessoas mais pobres do mundo”, alertou Denise Brown.
A coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia disse que os “ataques implacáveis das forças russas” a armazéns de cereais e infraestruturas portuárias na Ucrânia formam “um padrão de danos extremamente alarmante e podem constituir uma grave violação do direito humanitário internacional”.
Um dos ataques russos ocorreu num porto fluvial ucraniano do rio Danúbio, situado na cidade de Izmail, muito perto da fronteira com a Roménia, no interior da região de Odessa.
Segundo o Governo ucraniano, o ataque, levado a cabo com ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) iranianos, destruiu 40.000 toneladas de cereais que tinha armazenado num silo do porto e que se destinavam a países de África, China e Israel.
O ataque afetou a exportação de cereais através da Roménia.
Em reação ao ataque, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu uma “resposta” internacional, uma vez que, segundo sustentou na plataforma digital Telegram, alvos como aquele representam uma ameaça para o transporte de cereais para todo o mundo.
Os ataques russos das duas últimas semanas, que têm atingido em particular infraestruturas portuárias e sobretudo na cidade de Odessa (sudoeste), seguem-se à decisão de Moscovo de não renovar o acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro.
Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.
As Nações Unidas assinaram, em julho de 2022, um acordo com a Rússia, a Ucrânia e a Turquia para permitir escoar os cereais retidos em portos ucranianos pela guerra iniciada cinco meses antes.
Um ano depois, Moscovo não aceitou renovar os acordos alegando que as sanções ocidentais não permitiam fazer cumprir um dos termos, que era a exportação dos produtos russos, incluindo fertilizantes.
De acordo com a ONU, o acordo permitiu exportar “mais de 32 milhões de toneladas de produtos alimentares de três portos ucranianos do Mar Negro para 45 países em três continentes”.