Canal do Ministério da Saúde que ajudava a combater notícias falsas para de funcionar

Segundo o Ministério da Saúde, o acervo do ‘Saúde Sem Fake News’ foi definitivamente perdido com ‘evento cibernético’ em dezembro de 2021. Informações do canal funcionavam como banco de dados, e pesquisadores foram surpreendidos com a perda das informações.

Um canal do Ministério da Saúde que ajudava a combater fake news e esclarecia dúvidas da população parou de funcionar.

Desde março do ano passado, um grupo de pesquisadores da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis analisa a queda da cobertura vacinal em crianças de até cinco anos. Eles fazem parte do Observa Infância. O estudo se tornou necessário porque já faz tempo que a meta de vacinação contra muitas doenças não é atingida no país.

O último ano em que a cobertura vacinal contra o sarampo, por exemplo, atingiu a meta de 95% foi em 2012; a DTP, que protege contra coqueluche, tétano e difteria, desde 2013; a pólio, desde 2016; e a BCG, que previne contra formas graves de tuberculose, desde 2018.

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Em buscas de respostas pela baixa procura por essas vacinas, os pesquisadores acharam fundamental usar o canal “Saúde sem fake news”do Ministério da Saúde, criado em 2018. As pessoas enviavam dúvidas para um número de aplicativo de mensagens, que eram esclarecidas por técnicos da pasta. Todas essas trocas de informações ficavam disponíveis no site do ministério e funcionavam como um banco de dados, que podia ser acessado por estudiosos do tema e pelo público em geral.

“No início de junho de 2022, quando eu tentei acessar, não encontrei a informação”, conta Patrícia Boccolini, pesquisadora da Fiocruz e da Unifase.

 

Diante da ausência dos dados, os pesquisadores tiveram que recorrer à Lei de Acesso à Informação para descobrir o que tinha acontecido e foram surpreendidos com a resposta. De acordo com o Ministério da Saúde, “em dezembro de 2021, um evento cibernético tirou do ar grandes áreas de conteúdo do antigo site do ministério e o acervo do ‘Saúde Sem Fake News’ foi definitivamente perdido”.

No fim do ano passado, o ataque hacker deixou o site do Ministério da Saúde alguns dias fora do ar e só foi totalmente restabelecido quase um mês depois. O envio de informações para aplicativos, como o ConecteSUS, ficou prejudicado e dados sobre vacinas, registros de casos e de óbitos relacionados à pandemia do coronavírus acabaram apagados.

O ministério disse que criou um canal para esclarecer notícias falsas sobre Saúde em circulação nas redes sociais do país.

“Tem alguns vídeos curtos de 30 segundos, um minuto. São seis vídeos ou sete com algumas dúvidas. Mas é uma coisa bem reduzida e eu acho que o principal aí é a gente não ter mais aquele contato com a população, aquele contato direto”, lamenta Patrícia.

 

A pesquisadora esclarece que a perda dessas informações prejudica o combate às fake news: “Se a população no momento tiver alguma dúvida sobre qualquer questão em relação à saúde de uma forma geral – vacinação, remédio sem eficácia comprovada ou qualquer tema relacionado à saúde -, a gente não tem mais um canal oficial do governo onde a gente sabia que a gente tinha respostas que eram fornecidas por pessoas das áreas técnicas. É um pouco também da nossa história que se perde quando a gente perde um banco de dados. Não tem mais como ter acesso a essas informações”.

O Ministério da Saúde afirmou que a população pode tirar dúvidas por meio do Disque 136.