ONG pede a novo Presidente das Filipinas que respeite direitos humanos
A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) pediu ao novo Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., para demonstrar um “sério compromisso” com os direitos humanos, durante o discurso anual do Estado da Nação, agendado para segunda-feira.
AHRW sublinhou que o novo líder tem a oportunidade de se distanciar da impunidade e das violações de direitos humanos durante a sangrenta guerra contra as drogas, lançada pelo ex-presidente Rodrigo Duterte em 2016.
“O Presidente Marcos tem uma oportunidade de ouro para colocar as Filipinas no caminho certo, definindo prioridades e políticas claras para melhorar os direitos humanos no país”, disse Phil Robertson, vice-diretor da HRW para a Ásia.
Segundo dados oficiais, mais de 6.250 pessoas, incluindo traficantes e toxicodependentes, morreram durante a campanha, enquanto organizações que protegem os direitos humanos, como a HRW, estimam o número de mortes entre 27 mil e 30 mil pessoas.
“Marcos tem de romper por completo e mostrar que leva a sério a responsabilidade pelas violações de direitos humanos no passado, bem como prevenir abusos futuros”, disse Robertson, num comunicado.
A HRW também pediu a liberação e retirada das acusações contra a ex-senadora Leila de Lima, uma das vozes mais críticas de Duterte, bem como garantias de proteção da liberdade de imprensa.
Isto após uma campanha de assédio judicial contra alguns meios de comunicação que criticavam o ex-presidente, entre eles a jornalista Maria Ressa, Prémio Nobel da Paz 2021, e o portal de notícias que cofundou, o Rappler.
Marcos Jr., filho do ditador filipino Ferdinand Marcos, tomou posse em 30 de junho, após vencer as eleições de 09 de maio, e no discurso de segunda-feira irá apresentar algumas das políticas e programas para o mandato de seis anos.
“Marcos é o presidente de um país dilacerado por questões de direitos humanos e com uma falha sistemática em responsabilizar os agressores e garantir justiça às vítimas. O seu discurso deve ser sobre como irá proteger os direitos de todos os filipinos e corrigir os erros do passado”, disse Robertson.
Marcos Jr. completa o regresso ao poder da famosa dinastia, 36 anos depois de uma revolução popular ter acabado com o regime do pai e forçado a família a fugir do país de helicóptero.
Ferdinand Marcos governou o arquipélago entre 1965 e 1986, incluindo uma década de violenta lei marcial, antes de morrer no exílio em 1989.