UE condena manobras militares “agressivas” de Pequim perto de Taiwan
O chefe da diplomacia da União Europeia condenou hoje as manobras militares “agressivas” da China no Estreito de Taiwan.
Josep Borrell sustentou que não há “nenhuma justificação” para as ações e que Pequim está a utilizar a visita a Taiwan da congressista americana Nancy Pelosi “como pretexto”.
“É normal para os deputados dos nossos países fazerem viagens internacionais”, escreveu na rede social Twitter a partir da capital do Camboja, à margem de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
O Ministério da Defesa de Taiwan denunciou hoje a incursão de 27 aviões militares chineses na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) na quarta-feira, dia da visita da congressista norte-americana Nancy Pelosi.
Na terça-feira, Taiwan tinha dado conta da incursão de 21 aviões chineses, horas antes de Pelosi aterrar na ilha.
Em ambas as ocasiões, de acordo com o comunicado, o ministério ativou uma patrulha aérea de combate, emitiu avisos de rádio e ativou sistemas de defesa antimísseis para monitorizar as aeronaves chinesas.
A ADIZ não é definida ou regulada por qualquer tratado internacional e não é equivalente ao espaço aéreo de Taiwan, mas cobre uma área maior, que inclui áreas da China continental.
O exército chinês anunciou exercícios militares com fogo real em seis zonas marítimas perto de Taiwan a partir de hoje, até domingo, em resposta à controversa visita da líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos.
No ano passado, o número de incursões chinesas aumentou, ações que foram condenadas tanto por Taiwan como pelos EUA.
Este movimento atingiu o seu auge no início de outubro, quando Pequim celebrou o aniversário da fundação da República Popular da China.
A visita de Pelosi causou indignação junto do Governo chinês, que respondeu nos últimos dias com sanções económicas a Taiwan, além dos exercícios militares que hoje se iniciam.
A China reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.
Taiwan, com o qual os EUA não têm relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre a China e os EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas da ilha e seria o seu maior aliado militar no caso de uma guerra com o gigante asiático.