Número um da justiça do Peru recusa conspiração ou perseguição política
A presidente do poder judicial do Peru negou hoje qualquer conspiração ou perseguição política contra o Governo e rejeitou as acusações do Presidente, que alegou ter sido vítima de uma operação de golpe de Estado para o retirar do poder.
“No sistema judicial, não nos envolvemos em perseguições políticas, apenas fazemos justiça e aplicamos a lei”, disse Elvia Barros à televisão estatal do Peru.
Afirmou também que “existe um grave conflito entre o poder executivo e o poder legislativo”, mas salientou que o seu setor não vai “entrar nesta fase de conflito”.
“O que tentamos fornecer é uma solução para todos os problemas, através das nossas decisões judiciais”, salientou a juíza do Supremo Tribunal, um dia depois de a Procuradoria-Geral ter aberto uma sexta investigação preliminar contra Castillo, desta vez por alegados atos de corrupção na adjudicação de obras na sua região natal de Cajamarca.
Barros respondeu às acusações do chefe de Estado, que na terça-feira, depois de saber do mandado de captura preliminar contra a sua cunhada Yenifer Paredes, disse numa mensagem à nação que era vítima de uma “conspiração entre o Congresso, a Procuradoria-Geral da República e um setor da imprensa para desestabilizar a ordem democrática” e “tomar o poder ilegalmente”.
“É uma expressão do Presidente. Para o poder judicial, podemos dizer que não fazemos parte de qualquer conspiração ou perseguição política. Estamos apenas a cumprir o nosso dever e obrigação de fazer justiça”, salientou Barros.
A presidente da magistratura acrescentou que os juízes agem com “independência” e rejeitou que emitissem decisões contra a lei, em referência às acusações de Castillo sobre a alegada ilegalidade da rusga de terça-feira ao Palácio do Governo.
Estes procedimentos visavam prender Paredes, a irmã mais nova da primeira-dama que foi criada como filha pelo casal presidencial, mas a polícia e a equipa do Ministério Público não encontraram a cunhada do Presidente, que acabou por se entregar ao sistema judicial na quarta-feira.
Paredes está a ser investigado por suspeita de tráfico de influências por alegadamente oferecer um projeto de saneamento numa comunidade no distrito de Chota, em Cajamarca.
Para este caso, a magistratura ordenou a detenção esta semana de dois empresários e um presidente da câmara provincial, enquanto a Procuradoria-Geral abriu o sexto inquérito contra Castillo sob a presunção de que ele era o chefe de uma organização alegadamente corrupta no seio do poder executivo.