Guterres discute crises na África Ocidental com PR guineense
“O secretário-geral e o Presidente discutiram os recentes desenvolvimentos na África Ocidental, incluindo as transições políticas e os esforços para enfrentar os desafios regionais de paz e segurança”, refere a ONU, em comunicado divulgado na sexta-feira à noite sobre o encontro com o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, também presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Desde 2020, a região da CEDEAO, que conta 15 países-membros, tem assistido a uma onda de golpes de Estado, nomeadamente no Mali, na Guiné-Conacri e no Burkina Faso e alarmada com o risco de contágio a outras nações da zona tem multiplicado mediações e pressões para o regresso do poder aos civis nestes países.
Reunidos numa cimeira extraordinária na quinta-feira à noite, em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral da ONU, os dirigentes dos Estados da África ocidental decidiram aplicar “sanções progressivas” contra a junta militar no poder na Guiné-Conacri.
A decisão foi tomada perante a inflexibilidade dos militares em reduzir o período de transição do poder para os civis, previsto em 36 meses, para 24.
Na quarta-feira, Sissoco Embaló tinha advertido que a junta militar na Guiné-Conacri poderia enfrentar “pesadas sanções” se insistisse em permanecer no poder por mais três anos.
A junta militar qualificou no mesmo dia as afirmações do presidente da CEDEAO como “mentiras grosseiras” e acusou-o de fazer “diplomacia fantoche”.
Reunidos durante várias horas, os líderes da CEDEAO, com exceção do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, países dirigidos por juntas militares e suspensos da organização, exigiram também a libertação de 46 soldados da Costa do Marfim, detidos no Mali.
No encontro de sexta-feira, Guterres e Sissoco Embaló discutiram ainda a situação na Guiné-Bissau, “incluindo os esforços de recuperação socioeconómica em curso após a covid-19”.
“O secretário-geral reafirmou o empenho das Nações Unidas em continuar a apoiar as prioridades de construção da paz e desenvolvimento sustentável da Guiné-Bissau, bem como os esforços regionais mais amplos de paz e estabilidade”, refere-se na nota da ONU.