“Abordagem errada”: fundador do Telegram reage a acusações de França
Numa longa publicação no Telegram, o seu primeiro comentário desde a sua detenção, Durov disse que era “surpreendente” que estivesse a ser responsabilizado pelo conteúdo de outras pessoas.
“Usar leis da era pré-smartphone para acusar um CEO de crimes cometidos por terceiros na plataforma que gere é uma abordagem errada”, disse.
Durov criticou ainda as afirmações de que “o Telegram é uma espécie de paraíso anárquico” como “absolutamente falsas”, insistindo: “Removemos milhões de publicações e canais prejudiciais todos os dias”.
Negou também as acusações de França de que Paris não recebeu respostas do Telegram aos seus pedidos, dizendo que ajudou pessoalmente as autoridades francesas a “estabelecer uma linha direta com o Telegram para lidar com a ameaça do terrorismo em França”.
No final da mensagem, Durov disse que o crescente número de utilizadores do Telegram, que estima agora em 950 milhões em todo o Mundo, “causou dores de crescimento que tornaram mais fácil para os criminosos abusarem da plataforma”.
“É por isso que estabeleci como meu objetivo pessoal garantir que melhoramos significativamente as coisas neste aspeto”, disse, acrescentando que isto estava a ser trabalhado “internamente” e que mais detalhes seriam partilhados no futuro. “Espero que os eventos de agosto resultem em tornar o Telegram – e a indústria das redes sociais como um todo – mais seguro e mais forte”.
Durov, de 39 anos, foi detido a 24 de agosto no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, depois de ter chegado a bordo de um jato privado e interrogado nos dias seguintes. Após quatro dias de detenção, foi acusado de não ter conseguido conter conteúdo extremista e ilegal no Telegram. Foi-lhe concedida liberdade condicional sob fiança de cinco milhões de euros e com a condição de se apresentar numa esquadra de polícia duas vezes por semana, além de permanecer em França.
Figura enigmática que raramente fala em público, Durov é cidadão da Rússia, França e Emirados Árabes Unidos, onde o Telegram está sediado. A revista Forbes estima a sua fortuna atual em 15,5 mil milhões de dólares (equivalente a 14 mil milhões de euros).