Bayrou nega influência da extrema-direita na composição do novo Governo francês

“Em primeiro lugar, não é verdade que tenha sido exercida qualquer influência sobre mim”, frisou o governante francês ao canal BFMTV.

“Xavier Bertrand propôs uma abordagem que considerei violenta no Ministério da Justiça, uma abordagem que não era minha porque o Ministério da Justiça é um ministério de pacificação e de justiça, acrescentou Bayrou

Bayrou manifestou também, na mesma entrevista, confiança de que o novo Governo não será derrubado por uma moção de censura.

Para a Justiça foi nomeado Gerald Darmanin, que estava na Administração Interna, passando esta pasta a estar nas mãos de Bruno Reatailleau, dos Republicanos.

O político francês Xavier Bertrand anunciou hoje ter ficado de fora do novo governo por chumbo da União Nacional (RN na sigla em francês, extrema-direita), cerca de 30 minutos antes do esperado anúncio sobre a composição do executivo.

Num comunicado na rede social X (antigo Twitter), o político de direita divulgou que o primeiro-ministro, François Bayrou, o informou esta manhã que “contrariamente ao que tinha proposto ontem (domingo), já não estava em condições” de lhe confiar a pasta da Justiça “devido à oposição do RN”.

“Apesar das suas novas propostas, recuso-me a fazer parte de um governo de França formado com o apoio de Marine Le Pen”, continuou um dos ‘pesos-pesados’ que tinha sido apontado para o novo executivo.

“Aceitar nestas condições teria sido negar os meus valores, o meu empenhamento e as minhas lutas. Embora fosse errado alinhar com o extremismo, desejei-lhe, no entanto, boa sorte, porque, acima de tudo, o que me importa é que o nosso país se recomponha e que os nossos concidadãos recuperem a confiança e a esperança”, concluiu.

O novo elenco governamental deverá ser divulgado hoje, 10 dias depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter nomeado o aliado centrista François Bayrou como novo primeiro-ministro.

Bayrou chegou a chefe do executivo depois de o parlamento, no qual nenhum partido detém a maioria, ter aprovado a destituição do Governo do conservador Michel Barnier a 4 de dezembro, após apenas três meses no poder.

Cumprindo a promessa de fazer as nomeações antes do Natal (25 de dezembro), o primeiro-ministro irá divulgar hoje o executivo que terá de governar num cenário político fragmentado, depois das eleições legislativas antecipadas que resultaram da decisão inesperada de Macron de dissolver a Assembleia Nacional, em junho.

O hemiciclo está dividido em três blocos: esquerda, macronistas/direita e a extrema-direita.

Bayrou é o sexto chefe de governo desde que Macron foi eleito pela primeira vez em 2017 e o quarto em 2024, numa instabilidade que não se via em França há décadas.