EUA retiram candidatura de defensor de direitos humanos à OEA
O governo de Joe Biden retirou a candidatura de um defensor dos direitos humanos a um cargo na Organização dos Estados Americanos (OEA), depois de este ter classificado Israel como um “Estado apartheid” e criticado um congressista democrata.
Na sexta-feira, o Departamento de Estado anunciou a candidatura de James Cavallaro, para um mandato de membro independente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que cobre todo o continente americano, descrevendo-o como “um destacado académico e prático do Direito Internacional” com um conhecimento profundo da região.
Mas na terça-feira, o Departamento de Estado disse que a candidatura tinha sido retirada no seguimento de um artigo publicado na revista pró-judaica The Algemeiner, baseada em Nova Iorque, que revelou a história de mensagens de Cavallaro nas redes sociais, críticas de Israel e do apoio dos EUA ao Estadio judaico.
Em uma mensagem na Twitter, de dezembro de 2022, apagada quando o artigo da Algemeiner estava quase a ser publicado, Cavallaro usou uma linguagem considerada antissemítica por judeus para acusar o líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, eleito pelo Estado de Nova Iorque, de estart no bolso de agentes de influência (‘lobbyists’) pró-Israel.
“Comprado. Adquirido. Controlado”, escreveu Cavallaro, acrescentando uma ligação para um artigo sobre os donativos que Jeffries recebeu da AIPAC (sigla em Inglês de Comissão de Assuntos Públicos Israelo-Norte-americanos) e outros grupos pró-Israel.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse na terça-feira que o governo de Biden desconhecia os comentários de Cavallaro sobre Israel antes de o candidatar, acrescentando que estes não refletem a política dos EUA e são “inapropriados”.
Cavallaro, que já esteve na comissão da OEA entre 2014 e 2017, argumentou que as suas opiniões sobre Israel são totalmente consistentes com as de organizações internacionais de defesa de direitos humanos e instituições internacionais e que não iriam interferir, fosse de que modo fosse, com o seu trabalho de promoção dos direitos humanos nas Américas.
“É claro que toquei em um nervo sensível”, disse, durante uma entrevista, depois de uma reunião no Departamento de Estado.
A curta duração da candidatura de Cavallaro faz recordar a polémica resultante da decisão da Universidade de Harvard de rescindir uma bolsa atribuída a outro ativista dos direitos humanos, por criticar Israel.
Kenneth Roth, que foi diretor executivo da Human Rights Watch (HRW) até 2022, depois de, entre outras responsabilidades, ter sido dirigente do Departamento de Justiça dos EUA, tinha sido recrutado pelo Centro Carr para as Políticas de Direitos Humanos, de Harvard, mas a oferta foi rescindida, pouco tempo depois, pelo que Roth disse ser o longo historial da HRW de críticas a Israel por eventuais crimes de guerra contra os palestinianos.
Cavallaro, que já lecionou em Harvard, Stanford e Yale, também tem acusado Israel de cometer “atrocidades”.