Irão. Pedido de sanções do PE pela morte de Mahsa Amini é “tendencioso”
“Apesar das declarações contidas na resolução, esta critica as medidas necessárias contra ações violentas e organizadas e ataques contra o património público e a vida das pessoas sob argumentos injustos por parte daqueles que idealizaram e instigaram os distúrbios, principalmente da Europa”, destacou.
Naser Kanani denunciou “ações hostis contra o Irão” e afirmou que o Parlamento Europeu continua a ter um “comportamento seletivo contra a grande nação iraniana”.
“Nunca se viu que o Parlamento Europeu, apesar de suas reivindicações ambiciosas, tenha aprovado uma resolução contra as sanções [impostas pelos Estados Unidos contra o Irão após a retirada unilateral em 2018 do acordo nuclear de 2015]”, apontou Kanani no comunicado.
Para o porta-voz da diplomacia iraniana, a morte de Amini “é apenas uma desculpa para os elementos extremistas da organização contra o Irão”.
O Parlamento Europeu pediu na quinta-feira à União Europeia (UE) que avance com sanções contra os funcionários iranianos responsáveis pela morte de Mahsa Amini, a jovem que morreu sob custódia policial após ser detida pela chamada polícia da moralidade iraniana.
Durante a sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, os eurodeputados aprovaram hoje por maioria uma resolução na qual condenam firmemente a morte de Mahsa Amini, apelando a uma “investigação imparcial, eficaz e sobretudo independente dos maus tratos e trágico assassínio”.
Esta semana, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, já avançou que a UE pretende sancionar o Irão com medidas restritivas pela morte de Mahsa Amini e pela forma como as forças de segurança reagiram às manifestações desencadeadas pelo caso da jovem curda iraniana.
O Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança adiantou que os ministros da tutela da UE vão analisar as possíveis medidas restritivas quando se reunirem no final de outubro, no Luxemburgo.
As autoridades iranianas afirmaram hoje que a morte de Mahsa Amini não foi provocada por “golpes” mas por sequelas de uma doença.
Detida em 13 de setembro pela polícia da moralidade em Teerão por ter infringido o estrito código sobre o uso de vestuário feminino previsto nas leis da República islâmica, em particular o uso do véu, esta curda iraniana morreu três dias mais tarde no hospital.
Diversos militantes da oposição afirmaram que foi ferida na cabeça durante a sua detenção. As autoridades iranianas desmentiram qualquer contacto físico entre a polícia e a jovem mulher e referiram que aguardavam o resultado do inquérito.
A sua morte originou protestos no país, com as mulheres iranianas na vanguarda, e ainda ações de solidariedade em várias regiões do mundo.
As manifestações, as mais importantes no Irão desde as ocorridas em 2019 contra o aumento do preço dos combustíveis, foram duramente reprimidas.
Pelo menos 154 pessoas morreram na sequência da repressão exercida pelas forças de segurança iranianas contra os protestos, segundo denunciou a organização não-governamental (ONG) Human Rights Iran (HRI), enquanto um balanço oficial se refere a cerca de 60 mortos, incluindo 12 membros das forças de segurança.