Juíza dos EUA valida deportação de ativista estudantil Mahmoud Khalil
No final de uma audiência de quase duas horas, a juíza de imigração Jamee Comans, do estado do Louisiana, concluiu ser “suficiente para satisfazer os requisitos para deportação” de Khalil a alegação, pelo governo, de que a sua presença nos Estados Unidos implica “consequências potencialmente graves em termos de política externa”.
O estudante argelino de 30 anos, residente legal nos Estados Unidos, pode ainda recorrer da decisão e os seus advogados disseram que planeiam impedir legalmente a deportação.
Um juiz federal em Nova Jérsia, onde o jovem foi detido pelas autoridades, proibiu temporariamente a deportação de Khalil.
Khalil, que participou em manifestações pró-palestinianas na Universidade de Columbia, foi detido por agentes federais de imigração a 8 de março, em Nova Iorque, e transferido para um centro de detenção de imigrantes em Jena, Louisiana.
Os advogados de Khalil contestaram a legalidade da sua detenção, dizendo que a administração de Donald Trump está a tentar reprimir a liberdade de expressão.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, alegou que pode deportar Khalil porque a sua presença nos EUA ameaça a política externa do país.
Numa audiência na quarta-feira, a juíza Comans tinha-se queixado da falta de provas apresentadas pelo governo e ameaçado encerrar o caso hoje, dando 24 horas para que fosse comprovado que Khalil deveria ser expulso do país pelo seu papel nos protestos no campus de Nova Iorque contra Israel e a guerra em Gaza.
A detenção de Khalil pelas autoridades federais de imigração foi a primeira de um número crescente de tentativas de deportação de estudantes estrangeiros que se juntaram a protestos pró-palestinianos ou expressaram críticas a Israel.
Embora a administração Trump tenha sugerido que o papel de Khalil como porta-voz dos manifestantes provou que ele estava “alinhado com o Hamas”, não se conhecem provas dessa alegação.
Na audiência de terça-feira, o advogado de Khalil, Marc Van Der Hout, disse que “não tinha recebido um único documento” em resposta ao seu pedido de “provas e afirmações” no processo.
“Tal como o senhor Van Der Hout, também eu gostaria de ver as provas”, respondeu a juíza.
Mais de 300 vistos revogados
O caso de Mahmoud Khalil, que liderou protestos na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, é o mais debatido entre centenas de detenções no âmbito de uma repressão do ativismo anti-Israel nos campus universitários.
Marco Rubio informou na semana passada que os EUA revogaram os vistos a mais de 300 manifestantes pró-Palestina, que apelidou de “maluquinhos”.
“Talvez mais de 300 neste momento. Fazemos isso todos os dias, cada vez que encontro um destes ‘maluquinhos'”, disse Rubio, quando foi questionado sobre o número de revogações de vistos a universitários. “Em algum momento, espero que isto chegue ao fim, porque vamos livrar-nos deles”, acrescentou.
Durante a campanha presidencial, o candidato republicano Donald Trump criticou os protestos contra os bombardeamentos israelitas em Gaza e ao apoio do governo do democrata Joe Biden a Israel, sendo também severo em relação às universidades onde essas manifestações se realizavam.