Norte é a região que perde mais cérebros

O Porto tem um dos índices de envelhecimento mais elevados do país (220%) e o Norte é a região que mais licenciados perdeu em 2023. Os temas são cruciais. O país demora a agir. É certo que não há “balas mágicas” e que as soluções serão sempre “complexas e morosas”, mas varrer o problema para debaixo do tapete não ajudará a resolvê-lo. A análise é do presidente da Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP). Foi com este “grito de alerta”, que Nuno Botelho encerrou, ontem, a conferência.

“O desempenho do nosso país em matéria de envelhecimento ativo e de bem estar da população sénior é pouco mais que medíocre”, frisou, lembrando que um português com mais de 65 anos tem menos dois anos de vida saudável que a média europeia.

No que toca ao Porto, diz, “é fundamental desenhar projetos que previnam o isolamento social e estimulem um projeto de vida com qualidade, ativo e saudável”. Acesso a cuidados de saúde, programas comunitários, atividades lúdicas, desportivas e culturais e uma articulação estreita com juntas de freguesias e IPSS deveriam ser prioridade. A inversão da pirâmide etária traz novos desafios, mas o envelhecimento não tem que ser um “fardo social”.

Já quando à “fuga” de talentos, os números da região não são melhores: “o Norte foi o segundo núcleo territorial português que mais população jovem perdeu entre os recenseamentos de 1991 e 2021, só superado pela Madeira” e, em 2023, “foi uma das três regiões com maior perda de jovens licenciados”. “Há um problema estrutural de perda de competitividade e atratividade salarial”, frisou. As razões, diz, “são múltiplas e complexas”: escassa produtividade, perfil de especialização das empresas, fiscalidade, mobilidade social, coesão territorial.

Não havendo soluções milagrosas, o debate trouxe algumas “luzes”. Revalorização dos jovens no mercado de trabalho, perspetivas de carreira e um propósito, mas, para Nuno Botelho, o plano de fundo tem mesmo de ser a construção de uma economia mais competitiva e mais produtiva.v