Ucrânia. Letónia decreta estado de emergência na fronteira com a Rússia
O governo da Letónia decretou esta terça-feira estado de emergência na região fronteiriça com a Rússia, em resposta à “mobilização parcial” anunciada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que tem originado um movimento de pessoas para fora do país.
Amedida permite às autoridades letãs concentrarem recursos adicionais para proteger a fronteira, caso mais pessoas tentem entrar no país báltico desde o lado russo, um movimento que foi registado nos últimos dias após o anúncio de Putin.
O estado de emergência, que entra em vigor a partir de quarta-feira e será válido por três meses, incluirá os principais distritos que fazem fronteira com a Rússia, bem como pontos de controlo de fronteira, como aeroportos e estações de comboio.
O Ministério do Interior observou que, por enquanto, a situação na fronteira com a Rússia está sob controlo, embora com o anúncio de Putin tenha havido um aumento significativo de russos a tentar deixar o país.
O Governo da Letónia aprovou recentemente, juntamente com a Estónia, Lituânia e Polónia, a proibição de entrada no país de grande parte da população russa, incluindo aqueles que têm vistos para a entrada no espaço Schengen, como uma nova forma de sancionar Moscovo pela invasão da Ucrânia.
No sudeste da Letónia, na fronteira com a Bielorrússia, um estado de emergência já vigora há mais de um ano após a tentativa de milhares de imigrantes ilegais de atravessar o território letão, para atingir desta forma território da União Europeia (UE).
Pelo menos 66.000 cidadãos russos entraram na UE na semana passada, a maioria dos quais através da Finlândia e da Estónia, o que representa um aumento de 30% face à semana anterior, anunciou esta terça-feira a Frontex.
Segundo avançou a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras (Frontex) em comunicado, este aumento “significativo” das entradas de russos na UE foi provocado sobretudo pelos 30 mil cidadãos da Rússia que chegaram à Finlândia nos últimos quatro dias.
Estes cidadãos russos entraram na União Europeia com autorização de residência e vistos para os Estados-membros da UE ou que fazem parte do espaço Schengen, sendo que alguns deles têm até dupla nacionalidade.
Milhares de russos deixaram o país desde quarta-feira passada, dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma mobilização parcial para enviar cerca de 300.000 reservistas para combater a Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.